Ano Novo, Novas Gatitudes
Entrámos com o pé direito neste novo ano de 2015? Aumentámos as expectativas e renovámos os nossos sonhos? Formulámos novas resoluções? Aquela dieta tantas vezes adiada, talvez? Umas idas ao ginásio com maior regularidade, umas boas caminhadas ou corridas pela manhã antes de ir para o trabalho, ou ao fim de tarde antes do jantar? Deitar cedo? Manter sempre a calma em qualquer circunstância, mesmo quando nos gritam aos ouvidos coisas que não desejamos e até nem merecemos ouvir? Sentir-se confiante e seguro de si? Deixar de se queixar da vida e comentar mexericos, passando a concentrar no que realmente se quer, naquilo que é verdadeiramente importante?
E o que significa entrar com o pé direito? Quer dizer que se entrarmos com o pé esquerdo, o ano já não nos vai correr bem? Com todo o respeito pelas crenças tradicionais, creio que depende inteiramente das nossas escolhas ao longo de todo o ano. O modo como pensamos, nos emocionamos, falamos, e agimos irá sempre determinar os nossos resultados, em qualquer área de nossas vidas. O americano Charles F. Haanel (1866-1949) dizia que a nossa harmonia interior reflectir-se-á sobre o mundo exterior através de condições harmoniosas, cenários agradáveis, e o melhor de cada coisa, como resultado de uma rectidão de pensamentos. Em oposição, a causa de cada discórdia e desarmonia, de cada carência e limitação é um modo errônio de pensar. Aqui entra a lei da causalidade: cada pensamento é uma causa e cada condição é um efeito. Por conseguinte, vamos pôr em ordem os nossos pensamentos?
E o que é que tudo isto tem que ver com gatitudes? Temos muito que aprender com os nossos amigos gatos. Não são apenas companheiros adoráveis, belos, fofos e engraçados. Possuem uma sabedoria muito própria. Devemos imitar o seu modo de estar na vida. Claro que os gatos também conhecem o medo e a ansiedade, e muitos encontram-se sujeitos ao stress e até à depressão, como tantos de nós. Mas conseguem sempre manter uma invejável atitude de desprendimento. Mesmo os gatos de rua, que têm de procurar comida e defender-se de inúmeros perigos, embora sempre alerta, não deixam de fazer longas pausas para se limparem, retemperarem as forças, e permanecerem em contemplação, observando o mundo à sua volta com aquela superioridade felina que tão bem os caracteriza. E conseguem sempre caminhar de forma relaxada e elegante.
Quando nos parecer que, apesar de todos os esforços, a nossa vida não flui suave e comodamente como gostaríamos, façamos como os gatos: semicerramos os olhitos e olhamos as circunstâncias de cima, como se nada fosse. O nosso corpo está ali porque temporariamente temos de estar, há sempre uma lição para aprender. Mas a nossa alma é sempre livre e pode voar, para além de tudo. Mesmo quando nos sentimos fechados numa gaiola, e ainda que esta até possa ser dourada.
Texto e imagem de Isabel Brás ©2014 |