Gatos Versus Ratos
Bem sei que o Jerry dos desenhos animados é um ratinho muito engraçado. E que representa uma criatura pequena (mas nada indefesa!). Contudo, não posso deixar de me compadecer do Tom, o gato que o persegue e que acaba quase sempre sendo ridicularizado pelo Jerry. Claro, que se trata apenas de fantasia e entretenimento. No entanto, deixa transparecer a mensagem de uma luta interminável entre os gatos e os ratos.
Esta competição teve início há bem mais de 4000 anos, e é um dos motivos pelo qual o homem e o gato começaram a criar laços. Reflectirei sobre este assunto, um dia destes. Concentremo-nos, por agora, na relação entre os gatos e os roedores.
Não nos esqueçamos que os gatos são, por natureza, exímios predadores da família dos grandes carnívoros. Por conseguinte, os ratos mais não são do que uma das suas presas, que podem caçar em abundância. Dentro das minhas capacidades de compreensão, procuro sempre respeitar todas as formas de vida. Os ratos, não constituem para mim uma excepção. Porém, são uma espécie que se reproduz velozmente e em grande número. Daí que os gatos contribuam para um controlo que a Natureza gere com sabedoria, de forma a que os ratos não se tornem verdadeiras pragas, com todos os aspectos negativos que isso implica.
Já vos aconteceu abrirem a porta de casa e encontrarem uma dádiva do vosso amigo gato a quem é permitido sair à rua por umas horas? Um rato debaixo das patas do seu orgulhoso caçador? Provavelmente sim. A mim, seguramente algumas vezes. Para além de inúmeros passaritos, lagartixas e osgas. E provavelmente, como eu a princípio, zangaram-se, ralharam-lhe e deitaram fora a peça de caça diante dele. Tudo medidas infrutíferas. Isso servirá apenas para confundir o gato, e em última instância, só conseguirão que ele se esforce ainda mais para vos trazer uma maior quantidade daquilo que não desejam.
Embora nós humanos pensemos que se trata de um “presente”, a verdade é que os nossos amigos peludos consideram-nos “gatos gigantes”, pelo que os animaizinhos que depositam à porta de casa ou mesmo dentro dela, significam um ensinamento. Tal como nos primeiros meses de vida as suas mães gatas lhes traziam pequenas presas vivas, e os ensinavam a capturá-las e a matá-las. O mesmo se aplica quando brincamos com eles com um rato de pano. Se lançarmos o falso rato, eles dão uma corrida para apanhá-lo e trazê-lo de volta, como fazem os cães. Lembremo-nos, todavia, que o que para nós é apenas um jogo, para eles é uma simulação de caça.
Texto e imagem de Isabel Brás ©2014 |