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VELHO GATO SÁBIO

Os gatos são uma fonte inesgotável de conversa para quem, como eu, há muito se rendeu completamente à sua sublime beleza e ancestal sabedoria...

VELHO GATO SÁBIO

Os gatos são uma fonte inesgotável de conversa para quem, como eu, há muito se rendeu completamente à sua sublime beleza e ancestal sabedoria...

Caríssimos amigos gatófilos e demais visitantes

Deixem aqui os vossos comentários, enviem "coisas de gatos" para o nosso e-mail: velhogatosabio@gmail.com e espreitem a página VGS no Facebook: Isabel Santos Brás (Velho Gato Sábio). Obrigada pela vossa visita. Voltem sempre!

Citação sobre gatos em destaque

“Eu poderia viver sem muitas coisas neste mundo. Mas não poderia viver sem a delicadeza e subtileza dos gatos” Amara Antara

Casa Segura Para Gatos

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Ai que alegria, temos um novo gato em casa! Preparámos com imenso carinho e atenção todos os objectos necessários para um maior conforto e higiene do nosso amigo. E agora? O que é importante? A segurança do peludinho é fundamental. A nossa casa é um lugar seguro para ele?

 

Mais vale verificar cada ângulo da casa, para nos certificarmos que não haja algo que constitua ou venha a constituir um perigo para a saúde e bem-estar, e até mesmo para a própria vida do gato. Ter sempre presente que os gatos são animais muito curiosos e aventureiros, por conseguinte, não deixar nada ao acaso. É nosso dever afastar ou remover todas as fontes de risco e todos os objectos perigosos com que ele possa entrar em contacto.

 

Começamos pelas plantas. Muitos de nós adoramos ter plantas em casa. E a maioria delas são belas e parecem-nos absolutamente inóquas. Porém, algumas delas são tóxicas para os gatos, como os Antúrios (Anthurium andraeanum), os Lírios (Lilium spp), as Hortênsias (Hydrangea macrophylla), a Hera (Hedera helix), a Costela-de-Adão (Monstera deliciosa), só para citar alguns exemplos.

 

Na cozinha, se for possível colocar uma protecção no fogão, evitamos que o gato se queime tentando chegar à panela que exala um odor atraente. É importante ensiná-lo desde cedo a não saltar nem caminhar na bancada da cozinha e muito menos sobre o fogão. E é de evitar que esteja perto de nós quando estamos a manejar líquidos quentes ou a ferver. O caixote do lixo deve estar num local inacessível. O mesmo vale para os objectos cortantes (como as facas de cozinha, por exemplo), objectos de pequenas dimensões, detergentes ou outros produtos químicos.

 

Não nos esqueçamos nunca de deixar bem fechadas as portas do forno, frigorífico, e máquinas de lavar loiça e roupa. Muita atenção a deixar sacos de plástico à vista, porque adoram meter-se dentro deles mas arriscam a ficar sufocados. Se estiverem a passar a roupa a ferro, tenham o cuidado de não deixar o gato se aproximar.  Os fios eléctricos são outra tentação para o gato, que adora mordiscá-los. Sempre que não seja necessário ter os aparelhos eléctricos ligados, destacar as fichas eléctricas das tomadas. Se a casa possui uma lareira, é melhor colocar uma grelha de protecção quando o lume estiver aceso.

 

E se a vivemos num apartamento com varandas, sobretudo em andares altos, é muito importante colocar protecções (telas ou outros dispositivos) ou impedir o gato de andar sobre o varandim ou estar empoleirado nos parapeitos das janelas. Não se fiem na história de que os gatos caem sempre de pé! Em qualquer queda, os riscos de ficarem seriamente magoados ou até morrerem existem sempre.

 

Texto e imagem ©Isabel Brás 2015

 

Deram-me Um Gato. O Que É Que Eu Faço?

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Ah... aquela indescritível emoção que nos percorre o corpo e alma quando recebemos inesperadamente a entrada de um amiguinho de quatro patas nas nossas vidas, por iniciativa de parentes ou amigos. Ou talvez porque resolvemos, finalmente, realizar aquele desejo há tanto contido e adiado de convivermos com um gato, e corremos a um gatil ou canil para adoptar aquele peludinho que nos escolhe com o seu olhar meigo e fascinante.

 

Mas, passados alguns momentos, poderemos entrar momentaneamente em pânico. O que é que eu faço? Como vou cuidar deste ser maravilhoso, que agora me parece tão indefeso? Será que vai gostar de mim? Será que se vai adaptar bem à nossa casa e à nossa presença? Será que vai ser feliz?

 

Para os gateiros/as iniciantes, aqui ficam alguns conselhos. Com a certeza, porém, que tal como acontece com cada um de nós, cada gato é único e especial, pelo que não existem “fórmulas” absolutas e exactas. Cada experiência com eles deve ser baseada sobretudo na nossa própria sensibilidade e bom senso, e guiada pelo nosso enorme amor por estas mágicas criaturas. Aprender a conhecê-los e a conhecer os seus hábitos é fundamental para não cometermos imprudências que comportem desconfortos ou até mesmo riscos para os nossos amiguinhos. Chegamos lá por tentativas, dedicação e empenho. Mas, claro, quanto mais informações dispormos e mais trocas de experiências efectuarmos uns com os outros, melhor.

 

Começamos por preparar o ambiente adequado para receber e cuidar bem do novo membro da família, adquirindo alguns objectos: uma caminha confortável e quentinha, uma “toilette” para as suas necessidades fisiológicas, o aglomerado e uma paleta, e as taças para a água e a comida são os mais essenciais. Podemos acrescentar ainda uma transportadora, um pente duplo com dentes largos e finos , uma escova dupla com cerdas macias e rígidas, um sabonete ou shampô apropriados, uma espoja e um pano de camurça para o banho, um corta-unhas para gatos, um arranhador, e alguns brinquedos. Muito oportuno com os gatinhos pequenos será também colocar um recinto que os proteja até à sua completa independência, como se faz com os bebés humanos.

 

Ainda que os gatos tenham as suas preferências e por vezes decidam dormir nos locais mais impensáveis da casa, é sempre bom destinar-lhe desde logo um posto todo seu. As lojas que vendem produtos para animais dispõem de uma vasta gama de opções de cestos de vime, de plástico, almofadas ou outros. Os cestos de vime, onde se podem colocar uma almofada e uma mantinha são muito atraentes quer para o gato, quer para os seus humanos. Contudo, possuem a desvantagem de expor o gato a correntes de ar e de acumularem pó, difícil de limpar. Nesse aspecto, os de plástico são mais higiénicos porque mais fáceis de lavar e desinfectar com um produto atóxico, oferecendo uma maior protecção contra as correntes de ar, ainda que sejam menos estéticos. Uma grande, bela e cómoda almofada, sobretudo se cheia com as bolinhas de polistirolo, fará seguramente as delícias do vosso gato. Convém que o forro externo seja facilmente removível e lavável. Existem no mercado umas engraçadas “tendas” para gatos, que os protegem mais do frio e das correntes de ar. Também se pode recorrer a uma caixa de madeira, requisitada a um carpinteiro, ou como opção mais económica, podemos arranjar um robusto caixote de cartão. Para transformá-lo numa cómoda cama para o gato, basta cortar um pedaço num dos lados, para facilitar o acesso, e cobrir o fundo com uma almofadinha, cobrindo-a com um pano fofo e quentinho.

 

Sabemos que os gatos são por natureza animais muito limpos, por conseguinte, habituá-los à “toilette” é simples. Sobretudo depois das três ou quatro semanas de vida, quando os gatinhos começam a poder alimentar-se com alimentos sólidos, é oportuno iniciar o seu treino. Um tabuleiro de plástico coberto com areia ou com o aglomerado que encontramos à venda nos supermercados ou lojas de animais, é o suficiente. Se pudermos adquirir aqueles modelos cobertos, será melhor para os gatos, sobretudo os mais nervosos ou tímidos. Se temos mais do que um gato em casa, devemos certificarmo-nos que haja espaço suficiente para todos usarem a “toilette”. O ideal é que cada gato tenha a sua.

É importante colocar a “toilette” sempre afastada o mais possível das taças da comida e da água, e num lugar tranquilo e isolado onde o gato não seja perturbado. A areia ou o aglomerado usado como absorvente devem estar sempre limpos. Podemos usar a palete para remover os cócós e os montículos ensopados de chichi diariamente, e é conveniente lavar a “toilette”e renovar a areia ou o aglomerado com frequência.

Colocamos o gatinho na “toilette” várias vezes, principalmente quando nos apercebemos que está prestes a defecar ou a urinar (quando se agacha e tem a cauda direita) ou já começou a fazê-lo. Jamais se deve esfregar o nariz do gatinho na urina ou nas fezes deixadas em lugares indesejáveis. Atraído pelo odor, ele irá reconhecer que ali é o lugar da sua "toilette" definitiva e será mais difícil que se dirija àquela certa. Para evitar que isso aconteça, temos de limpar muito bem aquele local. É igualmente importante prestar atenção ao tipo de aglomerado que usamos pois pode acontecer que ao gato não agrade o seu odor. Nesse caso, não nos resta que comprar outro tipo até acertarmos com os gostos do nosso amigo.

 

Continuaremos no próximo “episódio” (post) a falar das regras básicas para sermos humanos responsáveis e cuidarmos bem dos nossos novos “hóspedes”. Até lá, fiquem bem com os vossos gatos.

 

Texto de Isabel Brás ©2015

Imagem retirada da web (etiquetada para reutilização)

 

 

Gatos e Superstições

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Aproxima-se uma sexta-feira 13. Deveria ser um dia normalíssimo, como qualquer outra sexta-feira. Mas para muitos dos nossos amigos gatos não é o. E para os humanos que acolhem pequenas “panteras” em tantos lares, deverá ser um dia de alarme vermelho. Velhas superstições continuam à solta, levando muitas pessoas a cometerem actos deploráveis de ignorância e brutalidade contra os gatos pretos.

 

Se têm um companheiro gato preto, por favor, não o deixem sair nesse dia, de jeito nenhum! Mesmo que ele vos deite a casa abaixo com miados suplicantes. É absurdo, eu sei. Contudo, todos os cuidados são poucos quando se trata de barbaridades. Pensamos sempre, com orgulho, que a Humanidade tem feito tantos progressos nestes últimos séculos. E isso é verdadeiro, em muitos campos importantíssimos para a vida humana e animal. Porém, há o reverso da medalha: as mudanças de mentalidade são lentas e nem sempre harmoniosas.

 

Não julguemos severamente aqueles que ainda não despertaram as suas consciências. Cada qual possui um ritmo próprio de evolução, e ninguém está isento de cometer erros. O que podemos fazer? Combater a sombra com a sombra nunca deu bons resultados. Está nas nossas mãos enviar-lhes Amor e Luz, para que em breve consigam romper com as suas próprias trevas e tornarem-se, também eles, livres de crenças equivocadas, limitadoras e destrutivas.

 

De onde vem esta superstição dos gatos pretos? O significado de um gato preto depende muito do valor que a pessoa que se cruza com ele lhe atribui. Para muitos, sobretudo no Oriente, um gato preto é um portador de boa sorte, de serenidade e de energias positivas. Outros, principalmente no Ocidente, ligam-no à má-sorte e às forças do mal.

 

De criatura amada, respeitada e até divinizada na Antiguidade - como acontecia no Antigo Egipto -, o gato passou a ser perseguido com o advento do Cristianismo no Ocidente. A Igreja, decidida a irradicar os cultos pagãos, atribuiu-lhe poderes maléficos, opondo-se a tudo aquilo que ele simbolizava: feminilidade, sensualidade, esoterismo, intuição e percepções psíquicas. Um número incalculável de gatos foram torturados e extreminados nesses séculos, juntamente com inúmeras mulheres que criavam gatos e conheciam propriedades terapêuticas de certas plantas, acusadas de bruxaria e de cumplicidade com o diabo.

 

A Inquisição foi grandemente responsável por massivas perseguições contra as presumíveis bruxas e os seus gatos, em especial os gatos pretos. São Francisco de Assis opôs-se a esta insanidade, não fazendo distinção entre os animais pois considerava-os a todos criaturas de Deus. Mas foi um caso isolado, bem como uns poucos mosteiros onde os monges criaram gatos. Entre 1400 e 1600, a “caça às bruxas” e aos “gatos das bruxas” foi particularmente intensa, destruindo milhares de vidas inocentes. Só a partir do Iluminismo, o gato seria reabilitado. Começou a aparecer nas artes e na literatura, e reconquistou um lugar de honra nos lares de muitos artistas, filósofos e poetas, que o passaram a eleger como companheiro da sua solitude. Instalaram-se nos palácios dos nobres e dos reis e rainhas. Maria Antonieta adorava de tal modo os seus gatos, que quando a ameaça da Revolução Francesa chegou a Versailhes, ordenou que fossem levados num navio para o Novo Mundo (Estados Unidos da América) para os salvar. Eles sobreviveram e criaram descendência, dando mesmo origem a uma nova raça. Ela não.

 

No entanto, seria necessário esperar até à segunda metade do século XIX para que os gatos resgatassem por completo o seu antigo fascínio sobre os humanos. Temos de agradecer, entre muitos, a Louis Pasteur que todos conhecemos como o “pai” da pasteurização, por nos seus estudos sobre bactérias e doenças infecciosas ter mencionado o gato como exemplo a seguir na luta contra as doenças, devido à sua dedicação escrupulosa à higiene pessoal.

 

Texto e imagem de Isabel Brás ©2015

 

O Meu Primeiro Gato

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O meu primeiro amigo gato foi o Gavião II. Uma“réplica” quase perfeita do Gavião, o grande companheiro de juventude de meu pai. Grande, e preto e branco. Uma espécie de tradição de família, os gatos pretos e brancos. E o amor pelos pequenos felinos herdei-o seguramente de meu saudoso pai.

O Gavião II era lindo e maravilhoso, embora não pudesse competir com o carácter especial do seu antecessor. Tranquilo e meigo, possuia uma infinita paciência para as minhas tolices de menina - tinha cinco anos quando ele passou a fazer parte da família.

Lembro-me que tinha muito medo das trovoadas. Um dia, depois de uma trovoada seca de Verão, démos por falta dele. Como de costume, meu pai vinha almoçar a casa na sua pausa do emprego, e depois de nos mimar a todos com os seus carinhosos beijos, perguntou pelo gato. Nenhum de nós o vira toda a manhã, e nem com o som das panelas, que habitualmente o atraia para a cozinha àquela hora, se fez presente. Meu pai, julgando que eu ou os meus irmãos tivéssemos deixado distraidamente a porta de casa aberta e o gato tivesse escapado para o quintal, pediu-nos que durante a tarde formássemos um “piquete” para resgatar o gato desaparecido. E assim fizémos. Toda a santa tarde explorámos cada canto da rua e arredores, à procura do Gavião II. Mas dele nem sinal.

Perto da hora de jantar, quando nosso pai regressou da sua jornada lavorativa, nós confessámos-lhe muito tristes que as nossas buscas tinham sido em vão. Subitamente, ouvimos nossa mãe gritar no corredor e fomos todos em seu auxílio. O que acontecera? Nossa mãe, que estivera a passar a roupa a ferro, tinha ido arrumá-la no roupeiro, situado a meio do corredor que conduzia aos nossos quartos. Antes que pudesse acender a luz, viu uns olhos de gato a brilharem no escuro e assustou-se. Era o Gavião II, que com o pavor da trovoada tinha-se esgueirado para dentro do roupeiro e permanecido todo o dia escondido no meio dos cobertores.

 

Texto e imagem de Isabel Brás ©2015

 

 

 

Companheiros cibernautas gatófilos em destaque este mês:

Associazione Gatti d'Italia