Estamos em época de férias e muitos de nós, ou já estão a caminho dos lugares escolhidos para um merecido descanso, ou estão a embalar a trouxa e a preparar-se para partir, outros ainda contam os dias mas já está quase, quase. Quem tem companheiros gatos, naturalmente planeia as férias em conformidade. Impensável deixá-los sozinhos em casa por vários dias. Recorrer aos serviços de um(a) bom cat sitter, preferencialmente cat hoster (ou seja, que hospeda o gato em sua casa) é uma opção.
Claro que o ideal será escolher sempre destinos que permitam levar connosco os nossos peludinhos. De acordo com o orçamento disponível, podemos arrendar uma casa de férias pois isso permite ter mais espaço para a família inteira, gato incluído. E ele fica mais tranquilo porque está connosco, ainda que obviamente estranhe ao início o novo espaço, que de resto é apenas temporário. Quer em Portugal quer em alguns países estrangeiros, aumentam todos os anos as possibilidades de encontrarmos propretários de casas ou de apartamentos dispostos a arrendar com permissão de permanência dos nossos amigos de quatro patas.
Para quem viaja de carro, é absolutamente recomendável acomodar bem o gato numa transportadora adequada. Existem diversos modelos de vinil, fibra de vidro ou polietilene, e até os clássicos em vime. Estes últimos, embora elegantes, resultam ser menos práticos pois são difíceis de limpar, além de sujeitarem o gato a correntes de ar. Importante é colocar a transportadora com o gato no habitáculo do carro, e claro está, bem segura nos bancos de trás. Nunca na bagageira! Quando a viagem é longa e faz calor, pode-se refrescar a transportadora colocando por cima um pano húmido. Muitos gatos não gostam de andar de carro e miam continuamente. Porém, se tivermos habituado o gato desde pequenino a viajar de carro, ele não fará “birras”, sobretudo se se sentir confortável. De quando em quando é bom fazer umas pausas no caminho, e permitir ao gato de usar a “toilette”, comer e beber, sempre com as portas do automóvel bem fechadas para evitar riscos de fuga.
Que não vos passe pela cabeça deixar o gato dentro do carro estacionado à chapa do sol, enquanto forem dar uma voltinha ou fazer umas compras. O risco de hipertermia é grande e pode ser fatal. Mesmo deixando um vidro parcialmente aberto... eu não arriscaria. E também não permitam que durante a viagem o gato vagueie à solta pelo carro. Sobretudo se o gato ficar nervoso ou se sentir enjoado, pode comportar-se de modo desagradável e até mesmo atrapalhar a condução, pondo em perigo todos os ocupantes do carro, incluindo ele próprio.
Dito isto, resta-me só desejar que façam boa viagem com os vossos pequenos felinos e que gozem em pleno as vossas férias.
Antes de ter ouvido falar na pet therapy, já eu verificava na prática que os gatos exerciam em mim uma poderosa ação terapêutica. Muito melhor do que um cocktail de “Prozacs”, ver um gato, acariciá-lo e brincar com ele, melhora instantaneamente o meu (mau) humor, acalma-me as ânsias e alivia-me os desconsolos da alma. “Trigo limpo farinha amparo”, direi... e tudo isto sem quaisquer contra indicações e efeitos colaterais indesejáveis.
Atualmente são diversos os estudos científicos que sustentam a eficácia da utilização dos gatos para a cura de muitos distúrbios que tanto nos afligem. Entre outras, é recomendada no tratamento de encefaleias, na reparação de ossos e músculos através das ondas sonoras emitidas pelos gatos, no reequilíbrio do sistema neurovegetativo, no abaixamento da tensão arterial, e no combate ao stress e à depressão. De facto, um provérbio japonês refere que “Um gato afetuoso é o melhor remédio contra a depressão”.
Alguns destes estudos demonstraram inclusivamente que ter um gato na nossa vida, não só nos faz bem de um modo geral, como pode reduzir os riscos de morte por doenças cardiovasculares. Contudo, os extraordinários benefícios que os gatos trazem para a nossa saúde não foram somente notados pela nossa moderna ciência. Nos finais do século XIX, Florence Nightingale reconheceu as numerosas faculdades terapêuticas dos gatos, levando-os consigo quando fazia as visitas aos doentes nos hospitais. Trata-se da famosa enfermeira inglesa (1820-1910) que revolucionou o modo de assistência aos doentes, estabelecendo as bases da enfermagem profissional. Ficou conhecida como “A Senhora com a Lanterna” por causa das suas solitárias rondas nocturnas com uma pequena lamparina na mão, durante a Guerra da Crimeia onde organizou as tendas dos soldados feridos. Era uma grande amante de gatos e ao longo da sua vida hospedou mais de sessenta pequenos felinos.
E lembram-se da Pamela, a esposa do Bobby Ewing, da saga americana “Dallas”, que muitos de nós acompanharam há muitas luas atrás? Pois bem, a atriz Victoria Principal que interpretou aquela personagem (ao lado de Patrick Duffy), afirmou um dia que o seu gato era a melhor terapia contra o stress. Quando o acariciava, sentia-se tranquila e tinha a impressão de acariciar a sua própria alma.
De resto, quando se olha para aquela bolinha de pêlo macio, que nos embala com os seus miados e ronrons, que nos observa atentamente com uns olhinhos vivazes mas doces, nos cheira com um castiço narizito, e nos estende uma patita com almofadinhas rosa... quem é capaz de resistir a tanta fofura e permanecer stressado?
- Olá Tobias. Há muito tempo que não vinhas conversar connosco!
- Olá Humana Bé. É verdade, há imenso tempo que não passava por aqui. Mas sabes que nos últimos meses não me tenho sentido muito bem.
- Pobre Tobias! Realmente tens andado um bocado aflito com os dentes e já não tens aquele apetite de outrora.
- Não são somente vocês, humanos, que com o avançar da idade começam a sofrer alterações físicas. Costuma-se dizer que “a idade não perdoa”, certo? Nós gatos quando envelhecemos, começamos a perder o nosso apetite e a emagrecer. Tais mudanças podem ocorrer igualmente devido ao enfraquecimento do nosso fígado e dos nossos rins, que se tornam particularmente vulneráveis. Estas condições, na ausência de outros sinais, podem escapar ao controlo veterinário.
- De resto, parece-me importante lembrar a quem cuida de gatos anciãos, que estes devem ser submetidos a consultas veterinárias todos os meses, não é assim?
- Exato. É muito importante redobrar a vigilância porque são vários os problemas de saúde que nos podem surgir.
- Quais, por exemplo?
- Muitos gatos anciãos sofrem de preguiça intestinal e prisão de ventre. Por conseguinte, é fundamental que na nossa alimentação estejam presentes as fibras vegetais e os peixes gordos, que ajudam a reduzir estes distúrbios. Outros gatos, podem perder ocasionalmente o controlo nervoso da mobilidade intestinal ou da bexiga. Quando se verificam perdas de urina involuntárias, o melhor é levarem-nos logo ao veterinário, pois pode ser devido a uma cistite.
- No teu caso, foram os dentes que te deram maior fastio. Estás a ver porque é que eu sou tão severa contigo no que diz respeito a surripiares guloseimas moles e fofas?
- Eu sei que quando me “ralhas” é para o meu bem. De facto, com a minha gulodice arranjei-a bonita! Formou-se tártaro nos meus dentes e uma inflamação nas gengivas que me causou muito desconforto.
- Felizmente foi tratada a tempo, caso contrário poderias ter perdido alguns dentes, o que iria provocar outros danos digestivos, e nomeadamente interferir no funcionamento do teu fígado e rins.
- Eu não gosto nada, mas agora já não me queixo quando me lavas os dentes duas vezes por semana.
- É o melhor que temos a fazer para evitar consequências tão nefastas. Outros cuidados redobrados que tenho contigo é verificar com frequência o estado dos teus olhos e das tuas orelhas.
- E eu agradeço tais cuidados. Isto porque sabes que também nós vamos perdendo audição e visão, pelo que é necessário ter maior atenção com a nossa segurança. Alguns de nós podem mesmo ficar cegos e surdos, e por conseguinte, já não são mais capazes de se aperceberem dos perigos. Particularmente com um gato cego, é fundamental tomarem-se diversas percauções, por exemplo, evitando de mudar as suas taças da comida e da água do lugar e outros objetos que fazem parte da casa, e protegendo-o de perigos como a presença de lareiras acesas sem grelha protetora.
- Se nos recordarmos e aplicarmos estes cuidados, maiores probabilidades teremos de beneficiar da vossa presença por muito tempo, não é assim? Quantos anos em média vive um gato?
- Certo. Em média podemos chegar aos 15 anos de vida, o que equivale a cerca de 76 anos humanos. Alguns gatos atingem 20 anos, cerca de 96 anos humanos. São muito raros os casos como o da Puss, uma gata tigrada que viveu até aos 36 anos.
- Eu desejo que tu vivas tanto ou ainda mais do que a Puss!
- Só se continuares a dar-me muitos miminhos como até aqui...
- Está combinado.
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