Falsas ideias sobre gatos
Ao longo dos séculos, nós humanos temos vindo a sustentar algumas ideias sobre os gatos, que com o tempo se foram revelando pouco acertivas. Como por exemplo, a ideia de que todos os gatos detestam a água. Embora se possa constatar que alguns deles têm medo, reagindo negativamente a uma simples borrifadela e muito mais a um banho, existem muitos casos de gatos que se deliciam com a água. É o caso da raça Turco Van, os belíssimos gatos de pêlo comprido originários da região da Turquia onde se situa o Lago Van, que adoram a água e são exímios nadadores.
Outro falso mito é o de que os gatos são pouco afetuosos. Nada de mais injusto. Quem afirma alguma coisa do género não conhece minimamente os gatos. O facto de não serem tão exuberantes nas suas manfestações de afeto como os cães, não significa que sejam indiferentes. Tal como nós, depende muito do seu caráter. Existem gatos mais reservados é certo, mas na maior parte dos casos os gatos gostam imenso de ser acariciados e muitos procuram estar sempre perto dos seus companheiros humanos, enroscando-se no seu colo e dormindo pertinho deles sempre que lhes se apresenta a ocasião. São inúmeras as subtilezas que os gatos utilizam para nos demonstrarem o seu afeto e reconhecimento, desde roçarem-se nas nossas pernas, ronronarem, cheirarem-nos o rosto e até lamberem-nos, dar marradinhas, chamar a nossa atenção com miados e patadas suaves, e assim por diante. Quem não gosta de receber um miminho destes dos nossos amados peludinhos?
Examinemos ainda uma outra balela, aquela de que os gatos devem estar sempre lá fora, ao ar livre. Não obstante os gatos conservem sempre o seu instinto natural de predadores felinos, e muitos amem a vida ao ar livre onde podem empoleirar-se nas árvores (como os seus primos leopardos), explorar o território e caçar pequenas presas, muitos deles preferem de longe o recato dos nossos lares, onde se sentem mais seguros e protegidos. Tive um companheiro gato, o Ciro, que mesmo que eu deixasse por engano a porta aberta, nunca se atreveria a sair para a rua porque tinha pavor dos barulhos das pessoas e dos automóveis que ouvia lá fora. Era um gatinho tímido e reservado que procurava frequentemente refúgio nos cantos mais recônditos da casa. Mais uma vez depende do caráter, mas também dos hábitos que os gatos vão adquirindo fruto do contato com os seus humanos, assim como das caraterísticas da raça. É de conhecimento geral que os gatos persas se adaptam muitíssimo bem a um apartamento, mesmo pequeno que seja, e não nos incomodam nada a pedir para sair.
Também sempre ouvi dizer que os gatos caem sempre de pé. É certo que os gatos são dotados de um esqueleto muito flexível e têm bons reflexos que os ajudam a amparar a queda de lugares de uma certa altura sem sofrerem danos. Todavia, se cairem de grandes alturas, a sua flexibilidade e propensão para utilizarem as quatro patas como amortizadores para a "aterragem" podem não ser suficientes, arriscando a sofrerem graves lesões e até a morte. Por conseguinte, é preciso ter muito cuidado: quem vive em apartamentos deve tomar todas as precauções, mantendo sempre as janelas e varandas bem vedadas. Não esqueço o enorme desgosto de um casal amigo que recentemente perdeu a sua gatinha por esta ter caído de um sexto andar.