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VELHO GATO SÁBIO

Os gatos são uma fonte inesgotável de conversa para quem, como eu, há muito se rendeu completamente à sua sublime beleza e ancestal sabedoria...

VELHO GATO SÁBIO

Os gatos são uma fonte inesgotável de conversa para quem, como eu, há muito se rendeu completamente à sua sublime beleza e ancestal sabedoria...

Caríssimos amigos gatófilos e demais visitantes

Deixem aqui os vossos comentários, enviem "coisas de gatos" para o nosso e-mail: velhogatosabio@gmail.com e espreitem a página VGS no Facebook: Isabel Santos Brás (Velho Gato Sábio). Obrigada pela vossa visita. Voltem sempre!

Citação sobre gatos em destaque

“Eu poderia viver sem muitas coisas neste mundo. Mas não poderia viver sem a delicadeza e subtileza dos gatos” Amara Antara

Gatos belos adormecidos

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Até a dormir os gatos são encantadores, não é verdade? Mas já se perguntaram porque é que os gatos dormem tanto? São capazes de dormir cinco horas seguidas de sesta! É normal? Claro que sim. É que os nossos adorados companheiros possuem uma fisiologia de pequenos predadores, e caçar requer um enorme gasto de energia. Mesmo os gatos domésticos que não têm necessidade de caçar para se alimentarem, e por conseguinte não possuem a vida agitada dos seus "irmãos" selvagens, seguem o instinto de dormir muitas horas para poupar as forças. E obviamente, à medida que vão eles próprios envelhecendo, a sua necessidade de dormir mais horas vai igualmente aumentando. Já no caso dos gatinhos, o que os induz a dormirem mais horas é a "somatropina", uma hormona de crescimento segregada durante o sono, fundamental para o desenvolvimento do seu organismo.

 

De resto, ainda que não façam grandes "safaris" pelas nossas casas (só se for à caça aos sofás e cortinados), sempre continuam a despender alguma energia quotidiana quando brincam, cheiram e exploram o seu pequeno mundo.

 

Shiuuu... não disturbemos o precioso sono do gatinho... bons sonhos peludinho!

O Gato Azul da Rússia

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O gato Azul da Rússia é um companheiro ideal para humanos  discretos e respeitosos da privacidade alheia, gentis, que amam a tranquilidade e serões defronte a uma lareira com um bom livro. É um gato afetuoso e tranquilo que tende a ligar-se profundamente a um humano em particular, quase com devoção. Particularmente sensível aos estados de alma do seu humano, é capaz de compreender quando é o momento de se manter afastado, mas quando percebe que o seu humano está triste irá de certo consolá-lo com o seu doce ronronar. Detesta barulho e confusões, e perante visita de pessoas estranhas comporta-se com timidez e desconfiança. Adapta-se bem à vida em apartamento desde que o deixem tranquilo, não se importando nada de ficar sozinho por algumas horas. Curiosamente, enquanto gatito é um verdadeiro "furacão", alternando períodos de vivacidade em que corre, salta, brinca e trepa para lugares humanamente inacessíveis, com longas sonecas, fundamentais para recarregar as baterias e recomeçar uma nova jornada de jogos e brincadeiras.

 

De onde vem este magnífico gato de pêlo cinzento-azulado e de intensos olhos verdes que conquistou até os sofisticados Czares? É um gato "antigo" que acompanha as populações russas há mais de mil anos. Porém, esta raça natural é originária provavelmente do norte da França ou dos países flamengos. Foram usados como hábeis caçadores de ratos na época medieval. Ao que parece marinheiros levaram-nos nos navios e desembarcaram-nos no porto de Arkhangelsk na zona setentrional da Rússia, tendo-se difundindo bem por todo o país. Sabe-se, por exemplo, que em 1850 o Czar Nicolau I possuia alguns exemplares na sua corte, sendo para ele companheiros inseparáveis que amava e viciava. Concedia-lhes inclusivamente o privilégio de dormirem com os seus filhos, pois começara a surgir a crença de que estes gatos possuiam a capacidade de manter afastados das crianças os espíritos malignos. 

 

Por volta de 1860, foram levados alguns exemplares para Inglaterra e para outros países do norte da Europa. A rainha Vitória de Inglaterra tornou-se particularmente afeiçoada a esta raça e, por conseguinte, parte do seu sucesso em terras de Sua Magestade deveu-se a ela. Nos inícios do século XX alguns exemplares estiveram presentes na Exposição do Crystal Palace de Londres mas somente a partir de 1912 é que a raça veio finalmente a ser reconhecida. A Segunda Guerra Mundial teve um efeito devastador também para esta raça que quase arriscou a extinção. Uma seleção com cruzamento de exemplares Azul da Rússia com Siameses blue point criou um gato com caraterísticas mais orientais. Felizmente a partir de 1966 surgiu de novo a ideia de recuperar os standard originais da raça que hoje se encontra estabilizada.

 

É um gato de tamanho médio, pesando 4 a 5 kg (machos) e 2-3 kg (fêmeas). É elegante, com uma estrutura óssea ligeira, cabeça pequena e cuniforme, orelhas altas, largas e arredondadas na ponta. Os olhos são distanciados, grandes e amendoados, de cor esmeralda e brilhantes. Apresenta um manto duplo de pêlo curto e espesso, de cor azulada uniforme e com a ponta dos pêlos superficiais com reflexos prateados. As cores admitidas são o clássico cinzento-azulado, mas também existem seleções de cor preto e de cor branco. Em adulto, sobretudo se for castrado, é necessário limitar-lhe a ração de comida, pois o seu carácter tranquilo e um tantinho "preguiçoso" e a sua gula poderão fazê-lo engordar uns quilitos a mais. Não é necessária uma dieta particular, basta uma ração seca e húmida de boa qualidade, ou então alimentos frescos de preferência carne branca ou peixe cozido a vapor e algumas verduras, com um punhado de arroz. Devem-se variar diariamente os ingredientes para habituá-lo a comer um pouco de tudo. Para contornar a sua tendência a engordar, é pertinente dar-lhe pequenas porções de comida distribuídas ao longo do dia.

 

 

Gatos Legionários na Roma Antiga

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 Mosaico romano com a representação de um gato

 

A minha gata de pêlo comprido e de olhos amarelos, a mais íntima amiga da minha velhice, cujo amor por mim é vazio de pensamentos possessivos, não aceita obrigações mais do o devido [...]. Meu par, assim como é par dos deuses, não me teme e não se irrita comigo, não me pede mais daquilo que sou feliz de dar [...]. Como é delicada e refinada a sua beleza, como é nobre e independente o seu espírito; como extraordinária é a sua habilidade de combinar a liberdade com uma dependência restritiva.

 

Este é um dos mais interessantes elogios que alguma vez li sobre um gato. Quem o escreveu foi o Imperador Octaviano Augusto, no ano 10 a. C., nas suas memórias. O que me impressionou foi o facto de Augusto compreender e exaltar a capacidade dos gatos em conciliar a sua convivência com os humanos (o que os torna dependentes, mas só relativamente), com a sua natureza livre.

 

Segundo também nos relata o naturalista romano Plínio, o gato era muito apreciado precisamente pelo seu espírito independente. Os romanos deixaram-se cativar, não somente pela beleza e elegância do gato (e por isso ele está bem representado nos frescos e nos mosaicos romanos), passando naturalmente pelos seus dotes de caçador, como o consideravam mesmo um símbolo da Liberdade. Por conseguinte, a deusa romana Libertas aparece com um gato aos seus pés. Outro facto curioso é que entre os estandartes de algumas das legiões romanas, encontrava-se a éfige de um gato.

 

Reza a lenda que foi Taras, o fundador de Taranto e filho do deus do mar Poseidon, quem levou do Egito alguns gatos para Roma, que rapidamente se foram difundindo pela Itália. Eram protegidos pela deusa Diana, filha de Júpiter e Latona e irmã gêmea de Febo. Uma das divindades femininas mais importantes da mitologia romana, era a protetora dos animais selvagens e domésticos, dos bosques e das fontes. Era ainda a deusa da caça e da Lua, correspondendo à deusa grega Artemisa, e muito evocada pelas mulheres para proteção durante a gravidez e o parto. Aos gatos, Diana concedeu poderes mágicos. Acreditava-se particularmente que os gatos pretos favorecessem as colheitas, pelo que quando algum deles morria era cremado e as suas cinzas espalhadas pelos campos.

 

E assim chegámos ao fim da primeira parte do nosso périplo pela história das origens da aliança entre os gatos e os homens. Podemos então regressar tranquilamente ao segundo milénio da nossa era, para continuar a observar e a dissertar sobre o nosso quotidiano povoado de traquinices e doçuras dos caros amigos gatos.

 

Gatos marinheiros na Grécia antiga

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Posseguimos a nossa “viagem com a máquina do tempo”, com o intuito de procurar compreender  um pouco melhor as origens do nosso enorme fascínio pelos gatos. Desta vez faremos uma breve paragem na Grécia Antiga, o berço da nossa civilização ocidental.

 

Também ali os gatos foram reconhecidos como seres especiais, portadores de boa sorte. Sobretudo a partir do século VIII a.C., os gatos passaram a fazer parte da tripulação dos navios gregos que cruzavam o mar com a missão de fundarem colónias na Itália e na Espanha, entre outras paragens mediterrânicas. Os gatos eram muito populares entre os marinheiros, os quais acreditavam que, por se encontrarem ligados às divindades atmosféricas, possuiam poderes mágicos capazes de manter afastadas as tempestades e de atrair os bons ventos. Além disso, caçavam os ratos que poderiam subtrair e causar danos nos mantimentos. Deste modo, os gatos davam-se muito bem a bordo, por quanto eram tratados com amor e respeito. E não apenas nos navios. Em Atenas, por exemplo, seriam numerosas as casas que albergavam gatos, considerados amigos dos proprietários.

 

A mitologia grega presta-lhes a devida honra, associando-os a Artemisa, a deusa da Lua, da caça e dos animais. Possuia o poder de se transformar num gato, ou de entrar no seu corpo. Será por isso que os gatos têm uma relação especial com a Lua? Eram igualmente considerados um símbolo de sabedoria, tendo por isso caído nas boas graças de Atena, a deusa que presidia à sabedoria, civilização, guerra e estratégia de guerra, artes, justiça e habilidades.

 

A destoar esta elevada reputação, encontramos nas fábulas de Esopo o gato retratado como um animal astuto que não olha a meios para atingir os seus fins. Porém, felizmente que nesta vida a medalha apresenta sempre duas faces, e podemos escolher aquela em que apostamos a alma e o coração. Assim, em vez de seguir os ecos negativos, insensatos e infundados, na maioria dos casos os antigos gregos preferiram ver nos amigos gatos forças superiores. Isso rendeu certamente a sua vida naqueles tempos passados numa aventura feliz com os seres humanos.

Gatos deuses no antigo Egito

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Os egípcios foram os grandes especialistas da Antiguidade no que respeita à veneração do gato. Este era considerado um animal sagrado que encarnava forças superiores. Por conseguinte, prestavam-lhe culto. Se bem que já em outras antigas civilizações fosse comum a adoração de divindades sob forma de animal, incluindo o gato, no Egito do tempo dos faraós esse costume intensificou-se e tornou-se mais sumptuoso. Construiram grandes templos em sua honra, dedicaram-lhe uma inteira cidade, e realizavam frequentes rituais de adoração a divindades ligadas aos gatos. Tornaram-se igualmente tema recorrente na arte e nos objetos quotidianos criados por artistas e artesãos, como estátuas, pinturas e baixos relevos, ou amuletos.

 

Os vestígios mais antigos de gato foram encontrados num túmulo da era pré-dinástica, situado nas proximidades de Assiut, datados de cerca de 4000 a.C. Estima-se que os felis sylvestris lybica, gatos selváticos egípcios que viviam nas margens do Nilo, tenham começado a aproximar-se dos humanos, os quais os domesticaram inicialmente com o objetivo de se livrarem dos ratos que infestavam os seus celeiros. Mas com o passar do tempo, os gatos difundiram-se nas casas, templos e em todos os edifícios, sendo muito bem cuidados.  

 

Uma das divindades egípcias femininas mais adoradas, a partir de 1000 a.C., foi Bastet, a deusa gata. Era representada quer com um corpo de mulher e cabeça de gata, quer inteiramente com o corpo de uma gata. Simbolizava a vida, a fecundidade e a maternidade. Era uma versão mais soft da deusa leoa Sekhmet, que presidia ao culto familiar e simbolizava o amor, a família e a maternidade, e a sucessora de uma das deusas gata mais antigas, Mafdet, ligada à justiça, à custódia das salas reservadas aos soberanos e das bibliotecas, e sobretudo conhecida pela sua proteção contra a mordedura das serpentes e outros animais venenosos.

 

O myeu, como lhe chamavam os egípcios, era considerado um animal mágico com poderes ocultos e capacidades psíquicas. Acreditava-se que os seus olhos, que refletiam a luz e proporcionavam visão noturna, tinham o poder de afastar o mal e manter o Sol no céu. Aos gatos eram ainda atribuídos poderes adivinhatórios e de serem portadores de boa sorte. Para um egípcio, encontrar um gato morto era sinal de mau agoiro, geralmente relacionado com uma doença grave, uma morte na família ou outras desgraças. Significava que a deusa Bastet se havia encolerizado e era necessário aplacar a sua fúria através de oferendas. Por respeito pela deusa, cada família deveria hospedar um gato em sua casa. E quando o gato morria era embalsamado, a sua múmia depositada numa urna de madeira ou de bronze decorada com uma cabeça felina, e colocada em cemitérios apropriados.

 

O gato era venerado a tal ponto que, segundo referiu o historiador grego Heródoto, quando deflagravam fogos nas casas, os egípcios preocupavam-se primeiro em salvar os gatos e só depois as pessoas.

Encontrei um gato e agora?

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Nunca é demais recordar como é justo agir quando nos confrontarmos com o problema do abandono ou do desaparecimento de um gato. Poderá muito bem acontecer que quando vamos de férias ou simplesmente percorremos uma estrada, nos deparemos com um gato a vaguear por ali. Que fazemos? Continuamos o nosso caminho impassíveis e indiferentes? Não me parece, sobretudo se vemos que o animal corre o risco de ser investido por um automobilista menos atento. Nesse caso, é preciso tomar medidas e respeitar algumas regras para colocar a salvo o peludinho.

 

Iremos de imediato perceber se se trata de um gato abandonado ou desaparecido pelo seu comportamento. Geralmente está assustado, confuso, movimentando-se ao acaso sem mostrar um destino evidente. Primeiro que tudo é necessário aproximar-se com muita cautela, procurando ganhar a sua confiança. Por conseguinte, nada de ir ao seu encontro a correr, persegui-lo, fazer movimentos bruscos ou falar em voz alta. Com voz suave tentaremos chamá-lo e, agachados, lentamente aproximamo-nos até conseguir acariciá-lo e conduzi-lo fora da estrada para um local seguro. O ideal é trazer sempre conosco uns snacks para gatos, que poderão facilitar a abordagem atraindo-o com comida. 

 

Ao contrário do que muitas vezes sucede com os cães que podem trazer microship ou uma medalha na coleira com um número de telefone, nos gatos será mais difícil encontrar um sistema identificativo que permita localizar os seus humanos. Deste modo, a menos que estejamos dispostos pessoalmente a adoptar desde logo o gato, podemos contactar uma associação que recolha animais abandonados mais próxima e ajudar a tentar encontrar o(s) humano(s) através da distribuição de avisos com a fotografia do gato pela área onde o patudinho foi encontrado, bem como espalhar a notícia no Facebook e outras redes sociais.

 

Se o bichinho se encontrar ferido por atropelamento ou apresentar lesões por motivos vários, o melhor é chamar as autoridades competentes nomeadamente a GNR e o veterinário municipal ou o responsável pelo canil/gatil municipal daquela área. Se estivermos na zona de Braga podemos chamar o SOS Rescue Animal, um grupo de voluntários que dispõe de uma ambulância animal activa 24 horas por dia e equipada com material de primeiros socorros e suporte vida, e que transportará o animal para uma clínica veterinária.

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Associazione Gatti d'Italia