O ronronar dos gatos é um dos seus mistérios exclusivos. Como produzem aquele som? Na realidade não se trata de um verdadeiro som, visto que não se propaga suficientemente de forma a ser ouvido à distância. Embora alguns gatos consigam ronronar mais “espalhafatosamente” do que outros, regra geral é necessário estar muito perto deles para sentir.
Existem diversas teorias. Alguns estudiosos referem que o “ronron” é produzido pela passagem do sangue na veia cava inferior, situada próxima do coração e que serve para transportar o sangue privado de oxigénio das partes inferiores do corpo até ao ventrículo direito. Outros afirmam que é produzido por uma vibração dos músculos da laringe. Basicamente, quando os gatos inspiram e expiram, o diafragma move-se e empurra o ar para a laringe. Chegado a este ponto o ar atravessa a glótide, um órgão cartilagíneo cuja abertura e fecho em conjunto com a passagem do ar provoca aquele som. Durante o ronronar, a glótide abre e fecha dez vezes mais do que na respiração normal. Quem comanda este processo é o “oscilador neural”, um grupo de neurónios que se coordenam entre si de modo a impulsionar os músculos da laringe.
Durante algumas experiências com gatos, investigadores descobriram que cada sessão de ronrons dura entre 6 e 10 minutos e que todos os gatos, independentemente da raça, produzem vibrações com uma frequência que oscila entre os 20 e os 50 hertz, podendo atingir um máximo de 200 hertz. Em medicina, estas frequências são reconhecidos como “curativas” em caso de fraturas e crescimento dos ossos, alívio da dor, dificuldades respiratórias e inflamações. É possível então extrapolar que os gatos tenham desenvolvido este processo como automedicação, quando se feriam nas suas caçadas noturnas?
Pensa-se que acima de tudo emitam estas vibrações para comunicar que estão bem e para exprimirem afeto. Os gatinhos sobretudo durante o alatamento ronronam para agradecer à mãe gata o fornecimento de leite e para a informar que este é ótimo e abundante. A mãe, por sua vez, ronrona como que a responder “perfeito”. Em relação a nós humanos, os gatos, que conservam uma componente infantil para toda a vida, vêem-nos como uma espécie de papá gato ou mamã gata, comunicando connosco deste modo como o fariam com os seus verdadeiros progenitores. Os ronrons também significam “que prazer ver-te”. Muitos gatos, de facto, enroscam-se nos nossos colos e ofertam-nos estes “barulhentos miminhos”, sinais inequívocos de grande e sincero afeto.
Porém, é preciso notar que os gatos não ronronam somente quando estão bem e felizes, mas igualmente quando estão doentes e até mesmo em fase terminal das suas vidas. Talvez o façam para se auto acalmarem, uma vez que estas vibrações estimulam a produção de endorfinas, as hormonas que induzem a sensações de bem estar. Assim, podemos supor que quando estamos doentes e o nosso gato vem para junto de nós a ronronar, poderá ser terapêutico? Muito possivelmente, pois estimula a atividade das células ósseas e das células estaminais. De facto, o Professor Clinton Rubin, da State University de New York descobriu em 1999 que quando estamos de pé os músculos contraem-se e vibram a uma frequência entre os 20 e os 50 hertz por segundo, semelhante àquela produzida pelo ronron dos gatos. Esta frequência vibratória é transmitida aos ossos para assinalar que estamos em atividade e pode ser usada para melhorar a densidade óssea. Não é um acaso que cada vez mais se está a dar importância à Pet Therapy não apenas com os cães mas igualmente com os nossos amigos gatos.
O gato Francesco foi o meu maior desafio até ao momento. Permaneceu durante três longos dias assustado e stressado, escondendo-se nos cantinhos todo encolhido, e com as pupilas dilatadas pelo medo. Mal tocava na comida e "chorava" de noite. Devagarinho, pé ante pé, falando-lhe com muita doçura, fui-me aproximando e mostrando-lhe que podia confiar em mim. Começou a comer cada vez com mais apetite e agora, não só me deixa chegar junto dele, como já anda de volta de mim a miar pedindo mimos: rebola-se no chão e fica de barriga para o ar para eu lhe fazer festas. A paciência e a perseverança produziram os seus frutos e estou feliz, é maravilhoso vê-lo assim descontraído e a sentir-se à vontade cá em casa. Boa Francesco!
Mais um novo hóspede por uns dias! É a vez do gato Francesco conceder-me a honra da sua presença. É um belo gato, grande, com um manto espesso de pelo branco e cinzento e uns maravilhosos olhos amarelados.
Pena que seja a timidez e o medo em forma de gato. É um exemplo de gato que sofre de stress de modo muito mais intenso do que todos os outros gatos que já hospedei até ao momento.
Geralmente, quando os gatos chegam cá em casa permanecem algumas horas meio aturdidos e um bocadinho stressados. O que é perfeitamente natural. Encontram-se de repente num ambiente estranho e com pessoas que nunca tinham visto. Todavia, basta-lhes pouco para se aperceberem que não existem quaisquer ameaças, e por conseguinte relaxam, exploram cada cantinho da casa, brincam comigo e recebem os meus muitos miminhos visivelmente satisfeitos. Alguns chegam mesmo a sentir-se "demasiado" à vontade :-) O Francesco depois de dois dias ainda se esconde e observa-me desconfiado. Com ele é preciso mais tempo e paciência.
A maioria dos gatos ama a tranquilidade. São animais rotineiros, dedicando a maior parte do seu tempo a atividades repetitivas como comer, fazer a higiene do seu corpo, dormir, coahitar com os seus humanos... à exceção de ações esporádicas mais energéticas de brincadeiras e simulações de caça, no caso dos gatos que não saem de casa, e de verdadeira caça para os que têm a liberdade de sair à rua. Enfim, uma vidinha simples e regrada é o ideal para o seu sistema nervoso.
Por conseguinte, tudo o que saia deste esquema pode representar para o gato um enorme distúrbio. Alguns reagem mais nervosamente, outros menos. Como fatores de stress para os gatos, incluem-se a ida ao veterinário, as viagens, as visitas de humanos barulhentos, a chegada de um outro animal para condividir o espaço, obras em casa ou mudança de casa, entre muitos outros. Quando o gato se encontra stressado, revela sintomas físicos (tal como nós) como aumento da pressão sanguínea e taquicardia, podendo manifestar também comportamentos agressivos e outros igualmente negativos.
Se se tratar de um acontecimento de breve duração, o seu estado físico e mental alterado tornará a níveis normais também em breve tempo. Mas no caso em que o fator de distúrbio se prolongue, a adrenalina permanece alta por mais tempo, gerando casos típicos de stress, com possíveis desenvolvimentos de estados depressivos e ansiosos.
Como identificar se o gato está stressado e com medo? Alguns começam a fazer as necessidades fora da toilette, ou a marcar a casa com a urina (sobretudo no caso dos machos). Outros permanecem demasiado quietos, escondendo-se com muita frequência debaixo dos móveis. Deixam de brincar e de ser ativos. Outros ainda começam a lamber o pêlo compulsivamente e a arranhar-se, chegando ao ponto de danificar a pelagem e até fazer feridas.
O que fazer para acudi-los? A primeira coisa a fazer é tentar identificar a fonte de stress para o nosso companheiro peludo. Quanto mais depressa o fizermos e colocarmos fim às causas da perturbação, mais depressa o gato poderá reencontrar o seu equilíbrio psíco-somático sem esforço e sem perigo. Porém, se por qualquer motivo não conseguirmos identificar bem as causas e acabar imediatamente com elas, o stress prolongado poderá comprometer seriamente o bem estar do gato, pelo que o melhor é consultar um veterinário o mais depressa possível.
Apresento-vos o Lu e a Minnie, dois lindos e maravilhosos gatos de que me ocupo (cat sitter ao domicílio) quando os seus humanos se ausentam por motivos de trabalho.
Hoje é o último dia da gatinha Astrid cá em casa. Antes de partir, uma última brincadeira... Naturalmente, estou triste. Mas resignada, ser cat sitter é assim mesmo, não tem outro jeito. Os gatos passam por nós por breve tempo, cuidamos deles com carinho e afeiçoamo-nos a eles mas temos de os deixar ir com amor e desprendimento.
Geralmente não permito que os gatos subam para cima dos móveis. Mas apanhei a gatinha Astrid no relax em cima deste armário e estava assim tão querida e tão descontraída que nem tive coragem de a afastar.
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