Gatos pardos
Já alguma vez se questionaram porque é que se diz “De noite todos os gatos são pardos”? Eu sempre achei muito interessantes os nossos provérbios e ditos populares. Sobre gatos, ultimamente tenho encontrado inúmeros. Este é um dos mais populares, suponho. Mas afinal o que são gatos pardos? O vocábulo pardo deriva da palavra latina pardus que significa leopardo. Uma das características do leopardo, um primo dos nossos amigos gatos, é a sua pelagem que lhe serve muitas vezes de camuflagem para não se fazer notar sobretudo quando vai à caça de presas. Assim, para além de leopardo, uma das definições de pardo tem a ver precisamente com a cor, que neste caso será um gato que apresenta uma cor pouco definida, geralmente escura, variando entre o amarelado, o acastanhado e o acinzentado.
O provérbio refere-se ao facto de que de noite nós humanos vemos menos bem e não distinguimos as coisas com nitidez. A ciência explica que são os cones, células fotossensíveis da retina dos nossos olhos, os responsáveis por vermos as cores do mundo e nos ajudarem a vermos tudo de modo mais distinto. Por outro lado, os bastonetes são as células fotossensíveis da retina responsáveis pela nossa visão a preto e branco, distinguindo apenas as diferentes intensidades de brilho. São sensíveis ao movimento e ativam-se em condições de escarsa luminosidade. Ora, de noite como a luminosidade é baixa, a visibilidade é menor porque os nossos cones não conseguem distinguir as cores. Daí que na escuridão tudo se confunda, os objetos parecem ter todos a mesma cor e as pessoas dificilmente se reconhecem.
Os gatos, em relação a nós, conseguem ver melhor na escuridão ou semi-escuridão pois são caçadores crepusculares. Geralmente dedicam-se mais à caça nos confins do dia, e ainda que percam alguma agudeza visiva ganham em sensibilidade quando a luz é menos intensa. Já repararam nos olhos de um gato? São grandes, em comparação com as suas dimensões. Também a sua retina é grande. Possuem uma menor densidade de cones (27.000 por cada milímetro quadrado ao passo que a nossa ascende aos 150.000-180.000) na area centralis, a qual tem uma forma alungada e situa-se no centro da retina. Nos bastonetes são os gatos a vencerem-nos, com cerca de 400.000 células por milímetro quadrado contra as 175.000 dos humanos. Por conseguinte, em condições de obscuridade, quando são os bastonetes a trabalhar mais intensamente, os gatos podem movimentar-se como verdadeiros “reis da noite”.