O Gato Azul da Rússia
O gato Azul da Rússia é um companheiro ideal para humanos discretos e respeitosos da privacidade alheia, gentis, que amam a tranquilidade e serões defronte a uma lareira com um bom livro. É um gato afetuoso e tranquilo que tende a ligar-se profundamente a um humano em particular, quase com devoção. Particularmente sensível aos estados de alma do seu humano, é capaz de compreender quando é o momento de se manter afastado, mas quando percebe que o seu humano está triste irá de certo consolá-lo com o seu doce ronronar. Detesta barulho e confusões, e perante visita de pessoas estranhas comporta-se com timidez e desconfiança. Adapta-se bem à vida em apartamento desde que o deixem tranquilo, não se importando nada de ficar sozinho por algumas horas. Curiosamente, enquanto gatito é um verdadeiro "furacão", alternando períodos de vivacidade em que corre, salta, brinca e trepa para lugares humanamente inacessíveis, com longas sonecas, fundamentais para recarregar as baterias e recomeçar uma nova jornada de jogos e brincadeiras.
De onde vem este magnífico gato de pêlo cinzento-azulado e de intensos olhos verdes que conquistou até os sofisticados Czares? É um gato "antigo" que acompanha as populações russas há mais de mil anos. Porém, esta raça natural é originária provavelmente do norte da França ou dos países flamengos. Foram usados como hábeis caçadores de ratos na época medieval. Ao que parece marinheiros levaram-nos nos navios e desembarcaram-nos no porto de Arkhangelsk na zona setentrional da Rússia, tendo-se difundindo bem por todo o país. Sabe-se, por exemplo, que em 1850 o Czar Nicolau I possuia alguns exemplares na sua corte, sendo para ele companheiros inseparáveis que amava e viciava. Concedia-lhes inclusivamente o privilégio de dormirem com os seus filhos, pois começara a surgir a crença de que estes gatos possuiam a capacidade de manter afastados das crianças os espíritos malignos.
Por volta de 1860, foram levados alguns exemplares para Inglaterra e para outros países do norte da Europa. A rainha Vitória de Inglaterra tornou-se particularmente afeiçoada a esta raça e, por conseguinte, parte do seu sucesso em terras de Sua Magestade deveu-se a ela. Nos inícios do século XX alguns exemplares estiveram presentes na Exposição do Crystal Palace de Londres mas somente a partir de 1912 é que a raça veio finalmente a ser reconhecida. A Segunda Guerra Mundial teve um efeito devastador também para esta raça que quase arriscou a extinção. Uma seleção com cruzamento de exemplares Azul da Rússia com Siameses blue point criou um gato com caraterísticas mais orientais. Felizmente a partir de 1966 surgiu de novo a ideia de recuperar os standard originais da raça que hoje se encontra estabilizada.
É um gato de tamanho médio, pesando 4 a 5 kg (machos) e 2-3 kg (fêmeas). É elegante, com uma estrutura óssea ligeira, cabeça pequena e cuniforme, orelhas altas, largas e arredondadas na ponta. Os olhos são distanciados, grandes e amendoados, de cor esmeralda e brilhantes. Apresenta um manto duplo de pêlo curto e espesso, de cor azulada uniforme e com a ponta dos pêlos superficiais com reflexos prateados. As cores admitidas são o clássico cinzento-azulado, mas também existem seleções de cor preto e de cor branco. Em adulto, sobretudo se for castrado, é necessário limitar-lhe a ração de comida, pois o seu carácter tranquilo e um tantinho "preguiçoso" e a sua gula poderão fazê-lo engordar uns quilitos a mais. Não é necessária uma dieta particular, basta uma ração seca e húmida de boa qualidade, ou então alimentos frescos de preferência carne branca ou peixe cozido a vapor e algumas verduras, com um punhado de arroz. Devem-se variar diariamente os ingredientes para habituá-lo a comer um pouco de tudo. Para contornar a sua tendência a engordar, é pertinente dar-lhe pequenas porções de comida distribuídas ao longo do dia.