Os gatos da Deusa Freyja
Hoje é sexta feira 13, e algumas mentes por aí menos evoluídas ainda não se deram conta que os gatos pretos são apenas gatos pretos (adoráveis, por sinal), que não têm nada que ver com coisas esquisitas. Por conseguinte, nunca é demais lembrar aos humanos que hospedam gatos pretos que tenham o dobro do cuidado para os não deixar sair particularmente neste dia.
Superstições à parte, a mim a mitologia sempre exerceu um certo fascínio. Deste modo, proponho uma nova viagem na “máquina do tempo” para ver como após os Romanos, os gatos eram considerados entre os “Bárbaros”.
Na Gália e nas Ilhas Britânicas os gatos nem sempre foram vistos com bons olhos, muito embora em alguns rituais celtas os gatos provavelmente assumiram um papel importante como “portais” de acesso a uma dimensão espiritual. E sem ser associada aos celtas encontramos no Sul da França a lenda de Matagot, um espírito que assumia a forma de um gato e levava riqueza àqueles que o recebessem em suas casas, nutrindo-o e mimando-o.
Na Germânia os gatos eram muito apreciados pela sua utilidade como caçadores de ratos, sobretudo devido à peste que se difundia pela Europa da altura. Os germânicos chegaram mesmo a instituir leis que protegiam os gatos. Quem matasse um gato que era de guarda a um celeiro vinha punido com uma multa em géneros (carne, lã, leite ou trigo) em tal quantidade de cobrir o cadáver do pequeno felino.
Na Escandinávia os gatos eram sagrados e protegidos devido à mitologia nórdica. Uma das deusas mais adoradas era a deusa Freyja, asssociada ao amor e à beleza. Representada como uma bela mulher loura de olhos azuis, vestia um manto de penas de falcão que lhe conferia o poder de mudar de forma, e trazia o Brisengamen, um fabuloso colar de ouro. Comandava as Valquírias (dísir, divindades menores femininas que serviam Odin, o deus principal) e um dos seus muitos títulos era "Senhora dos Gatos", pois os gatos eram sagrados para ela. Dois deles, enormes e semelhantes a linces, puxavam o carro com que habitualmente a deusa se deslocava. Quem alimentasse os gatos vadios era por ela abençoado. Protetora dos enamorados, encontrava-se associada à Lua, aos espírititos benignos, à fertilidade, aos nascimentos e à adivinhação. Superentendia a clarovidência e a intuição, e era muito ligada às artes mágicas, ensinando aos outros deuses nórdicos a preparar porções amorosas e a lançar feitiços.
Graças à deusa Freyja ou Freya, também nos países do Norte os gatos eram um símbolo de feminilidade, independência, poderes mágicos, graciosidade e harmonia.