Deram-me Um Gato. O Que É Que Eu Faço?
Ah... aquela indescritível emoção que nos percorre o corpo e alma quando recebemos inesperadamente a entrada de um amiguinho de quatro patas nas nossas vidas, por iniciativa de parentes ou amigos. Ou talvez porque resolvemos, finalmente, realizar aquele desejo há tanto contido e adiado de convivermos com um gato, e corremos a um gatil ou canil para adoptar aquele peludinho que nos escolhe com o seu olhar meigo e fascinante.
Mas, passados alguns momentos, poderemos entrar momentaneamente em pânico. O que é que eu faço? Como vou cuidar deste ser maravilhoso, que agora me parece tão indefeso? Será que vai gostar de mim? Será que se vai adaptar bem à nossa casa e à nossa presença? Será que vai ser feliz?
Para os gateiros/as iniciantes, aqui ficam alguns conselhos. Com a certeza, porém, que tal como acontece com cada um de nós, cada gato é único e especial, pelo que não existem “fórmulas” absolutas e exactas. Cada experiência com eles deve ser baseada sobretudo na nossa própria sensibilidade e bom senso, e guiada pelo nosso enorme amor por estas mágicas criaturas. Aprender a conhecê-los e a conhecer os seus hábitos é fundamental para não cometermos imprudências que comportem desconfortos ou até mesmo riscos para os nossos amiguinhos. Chegamos lá por tentativas, dedicação e empenho. Mas, claro, quanto mais informações dispormos e mais trocas de experiências efectuarmos uns com os outros, melhor.
Começamos por preparar o ambiente adequado para receber e cuidar bem do novo membro da família, adquirindo alguns objectos: uma caminha confortável e quentinha, uma “toilette” para as suas necessidades fisiológicas, o aglomerado e uma paleta, e as taças para a água e a comida são os mais essenciais. Podemos acrescentar ainda uma transportadora, um pente duplo com dentes largos e finos , uma escova dupla com cerdas macias e rígidas, um sabonete ou shampô apropriados, uma espoja e um pano de camurça para o banho, um corta-unhas para gatos, um arranhador, e alguns brinquedos. Muito oportuno com os gatinhos pequenos será também colocar um recinto que os proteja até à sua completa independência, como se faz com os bebés humanos.
Ainda que os gatos tenham as suas preferências e por vezes decidam dormir nos locais mais impensáveis da casa, é sempre bom destinar-lhe desde logo um posto todo seu. As lojas que vendem produtos para animais dispõem de uma vasta gama de opções de cestos de vime, de plástico, almofadas ou outros. Os cestos de vime, onde se podem colocar uma almofada e uma mantinha são muito atraentes quer para o gato, quer para os seus humanos. Contudo, possuem a desvantagem de expor o gato a correntes de ar e de acumularem pó, difícil de limpar. Nesse aspecto, os de plástico são mais higiénicos porque mais fáceis de lavar e desinfectar com um produto atóxico, oferecendo uma maior protecção contra as correntes de ar, ainda que sejam menos estéticos. Uma grande, bela e cómoda almofada, sobretudo se cheia com as bolinhas de polistirolo, fará seguramente as delícias do vosso gato. Convém que o forro externo seja facilmente removível e lavável. Existem no mercado umas engraçadas “tendas” para gatos, que os protegem mais do frio e das correntes de ar. Também se pode recorrer a uma caixa de madeira, requisitada a um carpinteiro, ou como opção mais económica, podemos arranjar um robusto caixote de cartão. Para transformá-lo numa cómoda cama para o gato, basta cortar um pedaço num dos lados, para facilitar o acesso, e cobrir o fundo com uma almofadinha, cobrindo-a com um pano fofo e quentinho.
Sabemos que os gatos são por natureza animais muito limpos, por conseguinte, habituá-los à “toilette” é simples. Sobretudo depois das três ou quatro semanas de vida, quando os gatinhos começam a poder alimentar-se com alimentos sólidos, é oportuno iniciar o seu treino. Um tabuleiro de plástico coberto com areia ou com o aglomerado que encontramos à venda nos supermercados ou lojas de animais, é o suficiente. Se pudermos adquirir aqueles modelos cobertos, será melhor para os gatos, sobretudo os mais nervosos ou tímidos. Se temos mais do que um gato em casa, devemos certificarmo-nos que haja espaço suficiente para todos usarem a “toilette”. O ideal é que cada gato tenha a sua. É importante colocar a “toilette” sempre afastada o mais possível das taças da comida e da água, e num lugar tranquilo e isolado onde o gato não seja perturbado. A areia ou o aglomerado usado como absorvente devem estar sempre limpos. Podemos usar a palete para remover os cócós e os montículos ensopados de chichi diariamente, e é conveniente lavar a “toilette”e renovar a areia ou o aglomerado com frequência. Colocamos o gatinho na “toilette” várias vezes, principalmente quando nos apercebemos que está prestes a defecar ou a urinar (quando se agacha e tem a cauda direita) ou já começou a fazê-lo. Jamais se deve esfregar o nariz do gatinho na urina ou nas fezes deixadas em lugares indesejáveis. Atraído pelo odor, ele irá reconhecer que ali é o lugar da sua "toilette" definitiva e será mais difícil que se dirija àquela certa. Para evitar que isso aconteça, temos de limpar muito bem aquele local. É igualmente importante prestar atenção ao tipo de aglomerado que usamos pois pode acontecer que ao gato não agrade o seu odor. Nesse caso, não nos resta que comprar outro tipo até acertarmos com os gostos do nosso amigo.
Continuaremos no próximo “episódio” (post) a falar das regras básicas para sermos humanos responsáveis e cuidarmos bem dos nossos novos “hóspedes”. Até lá, fiquem bem com os vossos gatos.
Texto de Isabel Brás ©2015 Imagem retirada da web (etiquetada para reutilização) |